Modelos de aplicação para correção de limite

Você sabe o que são Jornadas não Usuais? Os limites aplicados para uma jornada padrão podem ser replicados em uma Jornada não Usual? Quais são os métodos disponíveis para  a correção desse limite?

São as respostas às essas perguntas que você vai descobrir neste artigo, continue lendo e saiba mais!

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O que são Jornadas não Usuais?

É quando a jornada de trabalho é diferente da jornada padrão estabelecida no Limite de Exposição Ocupacional.

O limite de jornada padrão pode ser aplicado em um limite de jornada não usual?

Não. Você como profissional deve entender o princípio da toxicologia por trás de cada um desses limites, para isso antes de falar dos correções dos limites, é preciso entender o limite e para que ele é aplicado. Quando é estabelecido um limite,  a compreensão dos princípios toxicológicos desse agente é fundamental e alguns pontos importantes são:

  1. Todo limite é estabelecido para que a probabilidade de algum tipo de dano à saúde do trabalhador seja baixa. 
  2. Para falar de jornadas não usuais é preciso entender o limite, ele é a base de tudo em Higiene Ocupacional.
  3. A jornada não usual para cada uma das legislações no Brasil são: 48 horas semanais na NR 15 e 40 horas semanais para a ACGIH.

Agora veja: 

Temos o Limite TETO, o Limite STEL e o Limite TWA. Se estamos falando de correção de jornada, qual tipo de limite está suscetível à correção?

Essas é uma das dúvidas mais comuns. O limite de correção de jornada é apenas para o limite TWA. 

O Limite TWA é dado pela concentração média ponderada no tempo para uma jornada completa de 8 horas diárias ou 40 horas semanais na ACGIH e 48 horas semanais da NR-15, à qual acredita-se que a maioria trabalhadores podem se expor dia após dia sem apresentar efeitos adversos à saúde durante a vida de trabalho.

Quando corrigir as jornadas no Brasil:  NR 15 ou ACGIH? 

Neste caso você deve corrigir só aquelas jornadas que são maiores do que a jornada padrão, ou seja,  os limites da ACGIH, porque as jornadas da NR-15 são de 48 horas semanais e dificilmente encontraremos jornadas maiores que esta…

Como o limite TWA é estabelecido como uma forma de proteger os trabalhadores das repetidas exposições acima  da concentração máxima experimentada por eles ao longo da sua vida laboral. Você como higienista ocupacional precisa se preocupar com a dose experimentada por esse trabalhador ao longo da jornada de trabalho, por isso jornadas maiores necessitam de uma redução do limite, para que essa dose experimentada não ultrapasse a dose máxima permitida para um dia de trabalho.

Quando um trabalhador sofre uma exposição ocupacional, o esse agente químico adentra o organismo e então ele começa a ser metabolizado e os efeitos da exposição começam a aparecer sendo que a dose experimentada por esse trabalhador está relacionada à concentração, tempo de exposição e tempo de meia-vida biológica da substância química.

O tempo de meia-vida biológica que é o tempo que o corpo leva para eliminar metade da dose que o trabalhador foi exposto, e esse tempo está relacionado com cada substância.

Existem agentes que são eliminados mais rapidamente,  ou seja, que o tempo de meia-vida é muito pequeno, e aqueles em que o tempo de meia-vida é muito longo.

O ideal é que a concentração do agente no corpo do trabalhador seja nula no próximo dia de trabalho. E vale salientar uma constatação muito importante sobre os limites:

“Um limite não é uma linha tênue entre seguro e perigoso, porque tem muitas variabilidades.” 

Quando se fala de correção de jornada outra dúvida que é muito comum é: Eu vou corrigir apenas aquelas jornadas que são maiores do que a jornada padrão? 

Sim. Você nunca deverá corrigir uma jornada quando ela for menor do que a jornada padrão estabelecida pelo limite de exposição.

Lembrando que a jornada padrão é aquela estabelecida no limite. Essas correções são feitas com o objetivo de abaixar o valor do limite, para que a dose máxima daquele agente continue a mesma para 8h ou 40h semanais. 

Modelos de correção de jornada

O modelo de Brief & Scala é o mais comum e conhecido dentre os profissionais de higiene ocupacional, muito disso por ele ser citado na ACGIH a muitos anos. 

Mas o modelo de Biref & Scala não é o único, ele é um dos possíveis modelos para correção de jornada. Também existe o modelo farmacocinético e o modelo de  Québec, sendo que o último tem se popularizado e vem sendo muito estudado. 

O modelo farmocinético é muito complexo, e é baseado em tempos de meia vida das substâncias no organismo, que são difíceis de serem encontrados; então a maioria dos higienistas tem dificuldade de acessar esses dados,  que exige o trabalho com equações mais complexas. 

O modelo Brief & Scala

O modelo de Brief & Scala é o mais conservador, ou seja, protege mais o trabalhador, ele é um modelo que não leva em conta, em momento algum, os aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos das substâncias. Ele é baseado apenas em tempo de exposição e tempo de recuperação.

“O trabalhador fica exposto durante a sua jornada, e  depois que a jornada termina existe um tempo de recuperação, em que o  corpo trabalha para recuperação dessa exposição.”

Ele não leva em consideração os efeitos do agente no corpo e não deve ser aplicado para substâncias que causam irritação.

A correção do limite é dado por

LEOc= LEO X Fc

Fator de Correção:

 

Modelo de Quebec

O modelo de Quebec tem se popularizado por sua praticidade e pela proximidade dos resultados com o modelo farmacocinético, que é o melhor modelo existe apesar da complexidade.

Segundo o modelo de Quebec as substâncias são classificadas conforme 5 categorias, 1-a, 1-b, 1-c, 2 e 3. Essa classificação se baseia nos tipos de efeitos causados pelo agente no organismo do trabalhador de modo que os agentes com limites do exposição de curta duração, irritantes e asfixiantes não sofrem correção. A tabela abaixo exemplifica os tipos de correção para cada categoria de substância.

 

Categoria

Classificação

Tipo de ajuste

1-a

Limite do tipo Teto/STEL

Nenhum

1-b

Irritantes ou “fedorentos”

Nenhum

1-c

Asfixiantes simples, substâncias com risco muito baixo, tempo de meia-vida menor de 4 horas. Limitações tecnológicas

Nenhum

2

Substâncias que causam efeitos agudos acumulativos

Diário

3

Substâncias que causam efeitos crônicos

Semanal

4 Substâncias que causam efeitos agudos como crônicos

Diário ou semanal, o mais conservador

 

O limite corrigido é dado conforme as equações abaixo, sendo que o tipo de correção, diária ou semanal, é dada pela categoria da substância:

LEOC = LEO x Fc

Fcd = 8h/jornada de trabalho diária

Fcs = 40/jornada de trabalho semanal

 As categorias das substâncias podem ser encontradas clicando neste link.

Vale salientar que uma das etapas mais importantes para correção dos limites é determinar a jornada de trabalho e esta deve ser baseada na repetição do ciclo de trabalho. Exemplo, uma jornada convencional de 8h/d (segunda a sexta-feira) e 5d /semana é um ciclo repetitivo de trabalho semanal; uma programação de 10 h/d (de terça a sexta-feira) também é um ciclo repetitivo de trabalho por semana-calendário. No entanto, uma programação de 12 h/d por 7 dias consecutivos, seguida de 7 dias de folga, seria um ciclo repetitivo de 14 dias. Se esse mesmo cronograma consistir em semanas alternadas de turnos diurno e noturno, seria um ciclo repetitivo de 28 dias.

Determinado o ciclo de trabalho o próximo passo é determinar a jornada de trabalho média que é obtida por uma média aritmética simples das horas trabalhadas. (horas do total semanal (7 dias) dos turnos de trabalho durante o ciclo de trabalho repetitivo). Exemplo, uma jornada de 8 h/d (segunda a sexta-feira), 5 d/semana, fornece uma duração média de exposição em horas por semana, com base em um ciclo de trabalho repetitivo de 40 h/semana; uma programação de 10 h/d, 4 d/semana (de terça a sexta-feira) também representa uma duração média da exposição em horas por semana, com base em um ciclo de trabalho repetitivo de 40 h/semana. No entanto, uma programação de 12 h/d por 7 dias consecutivos, seguida de 7 dias de folga, corresponde a uma duração média da exposição em horas por semana, com base em um ciclo de trabalho repetitivo de 42 h/semana.

Exemplo de uma jornada com exposição à estireno

Trabalha 3 dias folga 3 dias com uma jornada diária de 12 h.

T = TRABALHOU
A = AUSÊNCIA

 

Fcd=8/10=0,8

Fcs = 40/jornada semanal

Semana 1 Trabalha 4 dias folta 3

Semana 2 Trabalha 4 e fplga 3

Semana 3 Trabalha 4 e folga 3

Semana 4 trabalha 3 folga 4

Semana 5 trabalha 3 folga 4

Semana 6 trabalha 3 folga 4

(4x12x3)+(3x12x3)/6= 42 h por semana

Fcs = 40/42 = 0,95

Utiliza-se o mais restritivo então o limite para o fator de correção 0,8

 

Por: HO Fácil

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