Neste artigo, eu Leandro Magalhães, vou responder ao questionamento do Fabrício Brante que enviou a sua dúvida através do Formulário da Analytics Responde. Clique aqui para fazer como o Fabrício e enviar sua dúvida.
No caso da construção civil em que eu tenho um trabalhador exposto a poeira de cimento e cal, quais as análises devo fazer?
Fabrício Brante
O cimento é classificado como poeira inerte e, quando manuseado, dispersa uma grande quantidade de poeira no ar. No momento em que ocorre a dispersão, o maior risco está no tamanho da partícula (que pode ser inalado) e em sua composição (contato com a pele). As poeiras minerais podem ser produzidas a partir da britagem, perfuração, explosão, extração mineral, carregamento e transporte de materiais. A NR15 divide as partículas em quatro tipos: minerais, carvão, asbesto e sílica.
Quando estamos nos referindo à poeira de cimento, se você procurar pelo cimento Portland na ACGIH, logo acima do seu limite existe uma inscrição E, e na contracapa da ACGIH (onde você encontra o significado das siglas) diz que este deve ser um material particulado com menos de 1% de sílica cristalina e sem a presença de asbestos. Quanto ao TLV, ano 2018, é para particulado na forma respirável, e por esse motivo as amostragens devem ser feitas com ciclones. Entretanto, a sua avaliação deve atender aos Limites de Tolerância para Poeiras Minerais presentes na NR15.
Na construção civil, para enquadrar a exposição do trabalhador à poeira de cimento o trabalhador provavelmente utiliza apenas o cimento Portland em suas operações, considerando aquele trabalhador que manuseia somente este tipo de material, e em momento algum tem contato com outros agentes.
Se o seu fornecedor não garantir a presença de menos de 1% de sílica cristalina, recomendamos que você faça a análise de sílica cristalina utilizando o método de difração de Raio-X NIOSH 7500, já que outros materiais contidos no cimento podem interferir no processo de análise.
Algumas cimenteiras aqui do Brasil acrescentam sílica cristalina no cimento, então para enquadrar como poeira de cimento deve haver menos de 1% de sílica cristalina. Atente-se para o processo em que o trabalhador manuseia somente o cimento originado da embalagem.
Em relação ao cal, existem dois tipos: Cal Virgem e Cal Hidratada. Recomendo a análise de óxido de cálcio para Cal Virgem (CaO) e para Cal Hidratada a análise de hidróxido de cálcio (Ca (OH) 2). Cuidado! Em caso de mistura dos dois produtos no ambiente de trabalho, não é possível diferenciar a análise, quando realizada em laboratório, leva-se em consideração apenas a presença da substância cálcio.
A norma é baseada na dissolução de óxido de cálcio livre em solução quente da mistura álcool + glicerol e titulação de cal dissolvida com uma solução alcoólica de acetato de amônio.
Resumindo, para um trabalhador exposto a poeira de cimento e cal nas condições citadas, recomenda-se realizar as seguintes análises químicas do ar: cimento Portland, sílica cristalina respirável se não houver certeza de menos de 1% de sílica no cimento, óxido de cálcio ou hidróxido de cálcio ou apenas cálcio no caso de mistura de cal virgem e hidratada. Além disso vale lembrar que um trabalhador da construção civil não tem direito a adicional de insalubridade por apenas manusear cal e cimento, tendo em vista que a Norma Regulamentadora 15, do Ministério do Trabalho, prevê o benefício somente durante a fabricação dos produtos.
Para saber mais sobre reconhecimento de riscos e sobre Higiene Ocupacional não deixe de curtir as redes sociais da Analytics Brasil!
Confira o vídeo completo, disponível no Youtube, sobre a Exposição à Poeira e Cal na Construção Civil:
[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=Vhc4E5M7jOE[/embedyt]