Como fazer uma amostragem de agentes químicos corretamente

A amostragem de agentes químicos é um importante procedimento para a avaliação de risco no local de trabalho. Ela permite identificar que tipos de substâncias e produtos perigosos estão presentes dentro do espaço utilizado pelos funcionários.

Para que contribua com a definição de medidas preventivas nas empresas, o processo de amostragem de agentes químicos deve ser feito com os equipamentos certos e da maneira adequada. Neste artigo vamos mostrar os tipos de amostragem de ar existentes e os cuidados necessários em cada um. Acompanhe!

Por que fazer a amostragem?

A amostragem é um processo ligado à segurança do trabalho e faz parte das estratégias de higiene ocupacional, que, por sua vez, tem como objetivo antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos oriundos do ambiente de trabalho.

Assim como qualquer ação preventiva, a amostragem de agentes químicos é importante para estimar a exposição dos trabalhadores a determinado produto ou substância e comparar esse dado com os limites de tolerância estipulados pela legislação.

Quando realizada da maneira correta, a amostragem fornece informações precisas para que engenheiros ou técnicos de segurança tomem as medidas necessárias para evitar a ocorrência de acidentes e o surgimento de doenças ocupacionais.

Quais agentes químicos podem ser amostrados?

A amostragem deve ser feita com qualquer produto, composto, mistura ou substância que possa penetrar no organismo do trabalhador por via respiratória ou que possa ser absorvido através da pele ou a partir da ingestão.

Conforme disposto na NR 9, esses agentes de risco podem aparecer na forma de fumos, poeiras, gases, vapores ou neblinas. A sílica, por exemplo, pode ser considerada um risco químico, pois quando uma pessoa fica exposta a esse elemento em longo prazo, pode desenvolver a doença respiratória conhecida como silicose.

Como é feita a amostragem de agentes químicos?

Existem duas maneiras de realizar a amostragem. Veja quais são e como funcionam:

Amostragem ativa

Nesse processo, o ar é levado para dentro do dispositivo de amostragem a partir da utilização de uma pequena bomba de amostragem individual e de um sistema coletor — que pode ser composto por filtros ou tubos.

A bomba funciona em vazões altas ou baixas, que variam de 0,1L por minuto até 6L por minuto. Os filtros para coleta podem ser feitos com diferentes materiais, como teflon, fibra de vidro, PVC ou celulose. Já os tubos costumam ser compostos por materiais absorventes, como resina xad, sílica gel, carvão ativo, entre outros.

Amostragem passiva

Como o próprio nome indica, é um processo que inclui o uso de um amostrador passivo. É utilizado para gases e vapores, e seu funcionamento depende do movimento das moléculas do contaminante por diferença de concentração.

Em outras palavras, as moléculas passam de uma área de concentração mais alta para uma mais baixa — do ambiente para a membrana absorvente do amostrador passivo.

A escolha do aparelho fica a critério de quem fará a coleta. Cabe destacar que a amostragem passiva pode ser mais cara do que a amostragem ativa, visto que os amostradores utilizados no processo têm um custo mais alto. Em compensação, a amostragem passiva dispensa o uso da bomba — que deve ser calibrada corretamente e pode apresentar falhas durante a coleta, entre outros problemas.

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Que cuidados são necessários durante o processo?

Alguns cuidados devem ser tomados antes da coleta de amostras no local de trabalho. Eles são necessários para que a amostragem de agentes químicos seja executada corretamente e apresente resultados satisfatórios. Veja abaixo os principais passos:

Identificação do agente e reconhecimento do risco

A primeira coisa a se fazer é identificar a substância que será avaliada no ambiente. Afinal, existem diversos agentes químicos, e não ter certeza sobre isso vai resultar em uma amostragem errada — você pode achar que coletou uma coisa, quando na verdade teve contato com outra.

Muitas vezes fica difícil saber quais são os agentes presentes. Nesses casos, é possível completar a fase de reconhecimento com amostras coletadas na pior situação e com metodologias ou equipamentos menos precisos, a fim de direcionar a estratégia de amostragem e garantir uma avaliação criteriosa.

A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) é uma ferramenta importante no processo de reconhecimento e influencia diretamente no que será amostrado. Trata-se de um documento fomentado pela ABNT NBR 14725 e que visa comunicar os riscos relacionados aos produtos químicos utilizados nas empresas.

A ficha deve estar acessível a todas as pessoas que desempenham funções que envolvam uma substância química. Com a análise da FISPQ, é possível encontrar a descrição de diferentes produtos e informações importantes, como aspecto, composição, mistura, medidas de segurança e regulamentações.

Conhecimento do local e das atividades envolvidas

Também é necessário conhecer o espaço que será avaliado e as atividades desenvolvidas dentro dele. Isso ajudará o técnico a determinar os fatores intervenientes na exposição e contribuirá para o levantamento de dados básicos na amostragem.

Número de funcionários expostos ao agente

O número de pessoas expostas deve ser determinado com base no local e a partir de observação detalhada da situação. Devem ser considerados todos os funcionários presentes e expostos ao longo do tempo, bem como alguns fatores intervenientes: turnos, funções, horários, turmas, movimentação de materiais, ritmo de trabalho, frequência e duração de exposição, ventilação e condições ambientais.

Realização da amostragem

No processo, a primeira coisa a se fazer é aferir a vazão da bomba, conforme recomendação do método e utilizando um aferidor de vazão calibrado. Em seguida, é preciso selecionar o amostrador adequado para a substância química em questão e montar o equipamento corretamente (na zona respiratória do trabalhador).

Durante a amostragem — que é realizada no decorrer da jornada de trabalho — é crucial verificar constantemente as atividades que o funcionário está exercendo. Isso permitirá identificar se as tarefas são de risco ou, ainda, se poderão impactar no resultado da análise.

Depois o técnico deve aferir a bomba no fim do processo de amostragem para se certificar de que a vazão não passou de mais de 5% da vazão inicial. O último passo é lacrar bem os amostradores e acondicionar o material coletado conforme o método (se precisar de refrigeração ou de proteção da luz etc.).

Além disso, cabe ao profissional responsável pelo processo anotar por quanto tempo foi feita a coleta de cada amostra.

Quais são os danos causados pela amostragem incorreta?

Erros e falhas no processo de amostragem causam perdas de amostras. Além disso, um cálculo de volume equivocado pode interferir no resultado final e levar o técnico a conclusões erradas.

Como consequência de tudo isso, surgem outros problemas que impactam diretamente a empresa. Afinal, um método inadequado deixará as equipes expostas aos efeitos dos agentes químicos, que são perigosos para o organismo e podem causar danos à saúde.

Para evitar tais situações, é necessário cumprir os passos corretamente e, ainda, acompanhar as tarefas diárias dos funcionários no local de trabalho. Assim, será possível obter bons resultados para uma excelente amostragem de agentes químicos.

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Por: leandro

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